No fim do ano passado foi divulgado sumário do Banco Mundial intitulado “Atingindo uma educação de nível mundial no Brasil: Próximos Passos”, e divulgado cercado de pompas na última semana através de entrevista com representante do Banco na revista Veja. Não é novidade dentro do campo da esquerda as intenções com as quais lida esta instituição, bem como dos veículos de comunicação brasileiros entremeados à disputa de sociedade e fortalecimento do capitalismo. É notória a força e dedicação que gastam na formulação de idéias e projetos para manutenção de uma sociedade exploratória, e cada vez mais maquiada com o discurso de pseudo-responsabilidade social. Neste relatório não é diferente.
Nem os 10% que os movimentos sociais tanto lutam, nem os 7% do Plano Nacional de Educação: o Banco Mundial quer que sejamos mais “eficientes” com o que já se gasta. Veja aqui eficiência dentro da concepção capitalista, de maior produtividade (mais e mais aulas para os mesmos poucos professores) e atendimento aos requisitos de formação elaborada por eles, de inserção da massa de trabalhadores no “mundo competitivo”, para que cada um exalte seus valores individuais, aprimorando as forças de trabalho para se adequarem ao que deseja o empresariado. Propõe alternativas para incentivo à quem é eficiente de acordo com o modelo deles, como por exemplo, bonificação salarial. Ou seja, nada de aumentar salário pra professor “ineficiente”. Se ele tem que cumprir tripla jornada, isso é problema dele.
Além disso, propostas de melhoria no processo de gestão lembram muito a mesma proposta feita para o setor saúde, o de comparar que os problemas destes setores não é de investimento, mas sim de modelo de gestão. De fato acontece muitos desvios e corrupções até que a grana (não) chegue até a escola. Mas nem de longe isso representaria um ganho suficiente para o que é necessário para garantir uma estrutura adequada, através de melhores salários, escolas adequadas, bem como a ampliação do ensino superior até o fim do vestibular. Porém, sabemos que garantir recursos para uma parte significa tirar de outras, e para isso é necessário ao Estado abrir mão dos pagamentos de juros de dívidas, diminuir concessão de endossos fiscais à grandes empresas, dentre outras coisas que incomodariam os guias do capitalismo.
E parece que o governo atual vai seguindo esses passos, cortando recursos e assumindo políticas privatizantes. É um mercado aberto e tentador, não atoa estão de olho nisso. Com isso, abrem-se portas para que também privatizem a saúde, a terra, enfim, a vida. E o Banco Mundial não ficará quieto enquanto todas estas portas estiverem abertas.
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